Os Perigos dos Alimentos Dietéticos

Existe uma grande controvérsia na indústria alimentícia que a maior parte da população não parece estar ciente. A discussão é sobre as consequências das mudanças na dieta que vem ocorrendo desde a introdução dos adoçantes artificiais nas nossas vidas, no começo dos anos 1980, e vem aumentando drasticamente e por vezes silenciosamente. No entanto, existe um grupo de médicos e cientistas que estão cientes destas consequências e publicaram extensivamente sobre o assunto. Infelizmente suas vozes vêm sendo, em grande parte, sufocadas pela indústria alimentícia.

Práticas éticas deveriam promover revisões periódicas sobre os efeitos colaterais que podem surgir, mas não é o caso com o aspartame. Apesar de existirem relatos de efeitos adversos a pergunta que vem a mente é: porque eles não ocasionaram uma revisão contínua pela agência responsável por sua aprovação? O FDA (Food and Drug Administration), a agência dos EUA responsável pelos alimentos e medicamentos, diz que monitora a literatura científica por indicações de possíveis problemas para a saúde, mas não estão cientes, no momento, de evidências críveis para reverter a aprovação do aspartame. Um bom exemplo de como eles atuam foi na ocasião da publicação de um estudo da Fundação Européia Ramazzini em que deram a seguinte declaração: “O FDA revisou o estudo ... e não apoia a conclusão que aspartame é um cancerígeno. Adicionalmente, esses dados não fornecem evidência para alterar a conclusão do FDA de que o uso de aspartame é seguro”.[1]

Aparentemente a atitude do FDA e da indústria é de que as únicas evidências científicas críveis vêm de agências governamentais ou das áreas de Pesquisa e Desenvolvimento das próprias corporações.

O que é o aspartame? É uma combinação de metanol e dois aminoácidos, fenilalanina e ácido aspártico também conhecido como aspartato. Em 1965, James Schlattler, um químico trabalhando na G. D. Searle descobriu a substância por acidente enquanto trabalhava em uma droga para outro propósito médico. Essa substância era muitas vezes mais doce que o açúcar, mas não continha as calorias deste.

Praticamente toda a indústria financiou estudos que subtraíam qualquer efeito adverso dos metabólitos do aspartame que são substâncias geradas depois que o organismo o metaboliza. Esses “amigáveis” estudos clínicos sobre a toxidade do aspartame geralmente são de autores com estreitas relações com as empresas produtoras. Por outro lado, quase sem exceções, estudos independentes apontam consequências sérias e prejudiciais como resultado do consumo de aspartame.

Testes iniciais foram conduzidos em 1967 quando o Dr. Harold Waisman, um bioquímico na Universidade de Wisconsin, conduziu testes de inocuidade em macacos infantes para a Searle Company. Dos sete macacos que estavam sendo alimentados com aspartame misturado no leite, um morreu e cinco tiveram crise tônico-clônica (convulsões generalizadas). O estudo foi publicado no artigo “52 Week Oral Toxicity Study in the Infant Monkey[2] (Estudo de 52 Semanas de Toxidade Oral em Macacos Infantes).

Em 21 de janeiro de 1981, um dia depois que Ronald Reagan assumiu a presidência dos EUA, a Searle fez novo pedido de aprovação ao FDA para o uso de aspartame em adoçantes de alimentos. O novo delegado de Reagan para a FDA, Arthur Hayes Hull Jr., então nomeou uma comissão científica de cinco pessoas para reavaliar a decisão da comissão de inquérito do próprio FDA. Logo ficou claro que a nova comissão iria manter o banimento por uma decisão de 3 votos a 2, fazendo Hull nomear um sexto membro gerando um impasse na votação. O próprio Hull quebrou o impasse decidindo a favor do aspartame. Depois de algum tempo ele deixou o FDA devido a alegações de improbidade servindo brevemente como reitor da Faculdade de Medicina de Nova York para então ser contratado pela Burston-Marsteller, a principal empresa de relações públicas tanto da Monsanto quanto da G. D. Searle. Desde aquela época ele nunca mais voltou a falar publicamente sobre aspartame.[3]

O FDA afirma que é seguro e por isso milhões de pessoas bebem, comem e escovam seus dentes com substâncias que contém aspartame. Além disso, muitos medicamentos também contém aspartame como relatado por um farmacêutico de Massachusetts que compilou uma lista de cerca de 150 medicamentos com aspartame, sem incluir genéricos, sendo que vários são destinados a crianças.

Em 23 de Abril de 2007, o médico Morando Soffritti foi honrado com o terceiro prêmio Irving J. Selikoff do Collegium Ramazzini na Faculdade de Medicina Mount Sinai em Nova York. O Dr. Soffritti foi reconhecido por suas “excepcionais contribuições na identificação de cancerígenos industriais e ambientais e sua promoção de pesquisa científica independente.”[4]

Estudos feito pelo grupo Ramazzini-Soffritti[5][6] na Itália, publicado pelo National Institute of Environmental Health Sciences em 2005 e por P. Humphries, E. Pretorius e H. Naudé da Universidade de Pretoria na África do Sul, publicado pelo European Journal of Clinical Nutrition[7] em 2008 , mostram que aspartame é uma potente neurotoxina e disruptor endócrino. No primeiro estudo conduzido pelo Centro de Pesquisa de Cancer Cesari Maltoni da Fundação Européia Ramazzini foi demostrado que o aspartame é um agente cancerígeno multipotente quando várias doses são administradas com o alimento, por toda a vida de ratos iniciando em 8 semanas de idade. No segundo estudo os resultados reforçaram as conclusões do primeiro estudo e quando começaram a expor os ratos no período fetal, os efeitos cancerígenos aumentaram.

Alguns dos sintomas que foram relatados incluem: impotência, moleza, formigamento nos nervos, comportamento agressivo, raiva espontânea, ansiedade, agravamento de fobias, depressão, crise tônico-clônica (convulsões generalizadas) e uma combinação de sintomas que aparentam um ataque cardíaco.

No lado pro-aspartame, cientistas de companhias bioquímicas relatam que certas frutas contém mais metanol que aspartame. Embora esse fato possa ser verdade, o que eles não dizem é que álcool etílico, o antídoto para metanol, também é encontrado em frutas. E essa é a diferença crítica e essencial como relatado por médicos, cientistas e químicos independentes. Quando consumido sozinho, metanol é extremamente perigoso e pode causar cegueira e até morte.

O estudo Projected Aspartame Intake: Daily Ingestion of Aspartic Acid, Phenylalanine, and Methanol[8] (Consumo de Aspartame Projetado: Ingestão Diária de Ácido Aspártico, Fenilalanina e Metanol) de Roberta Roak-Foltz e Gilbert A. Leveille da General Foods Corporation descobriu que um adulto comum poderá ingerir aproximadamente 87 mg de metanol diariamente se utilizar adoçantes artificiais em sua comida. Como o estudo foi conduzido no final da década de 1970, provavelmente hoje em dia, a quantidade deve ter aumentado substancialmente.

Tanto a revista “Flying Safety” (Voando com Segurança) da Força Aérea dos EUA quanto a “Navy Physiology” (Fisiologia da Marinha) da Marinha dos EUA publicaram artigos alertando sobre os perigos do aspartame incluindo efeitos prejudiciais cumulativos do metanol e outras reações. Os artigos apontam que a ingestão de aspartame pode fazer os pilotos ficarem mais propensos a convulsões e vertigem.

Outro estudo sobre aspartame intitulado “Formaldehyde Derived From Dietary Aspartame Tissue Components In Vivo[9] (Formaldeído Derivado de Componentes de Tecidos de Dieta de Aspartame em Vivo) por C. Trocho et al. conduzido pelo Departamento de Biologia e Bioquímica da Universidade de Barcelona claramente mostra que aspartame, marcado com o isótopo carbono 14, se transforma em formaldeído nos corpos de espécimes vivos. Mais tarde quando eles foram examinados, o formaldeído marcado foi encontrado em vários órgãos vitais mostrando conclusivamente que aspartame se converte em formaldeído e que muitos dos sintomas relatados por vítimas de intoxicação por aspartame estão associados com os efeitos cumulativos de envenenamento por formaldeído.

Formaldeído (H2CO) cujo nome oficial é IUPAC metanal é um gás sem cor, tóxico, potencialmente cancerígeno e solúvel em água com um odor sufocante, geralmente derivado de metanol por oxidação.[10]

A Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC - International Agency for Research on Cancer), uma organização intergovernamental que faz parte da Organização Mundial da Saúde classifica o formaldeído como cancerígeno do grupo 1.

Outra substância presente no aspartame que preocupa é a fenilalanina que tende a inibir o processo de serotonina no corpo humano sendo importante examinar o desequilíbrio fenilalanina/serotonina.

A professora Michele Ernandes e colegas da Universidade de Palermo no artigo “Aztec Cannibalism and Maize Consumption: The Serotonin Deficiency Link[11] (Canibalismo Asteca e Consumo de Milho: A Conexão da Deficiência de Serotonina) afirmam que a deficiência de serotonina implica em várias consequências comportamentais como tendência para comportamento agressivo, aumento da competição intraespecífica, aumento de pensamentos exotéricos e fanatismo religioso.

A Havard School of Public Health no artigo “The Nutrition Source - Sugary Drinks or Diet Drinks: What's the Best Choice?[12] (A Fonte da Nutrição – Bebidas Açucaradas ou Bebidas Diet: Qual a Melhor Escolha?) reportou que no estudo “A role for sweet taste: calorie predictive relations in energy regulation by rats[13] (Uma função para o sabor doce: relações preditivas calóricas em regulação de energia em ratos) da Universidade de Purdue, os pesquisadores Susan E. Swithers e Terry L. Davidson demostraram que ratos alimentados com comida adoçada com sacarina acumularam mais calorias e ganharam mais peso do que ratos alimentados com comida adoçada com açúcar. E no estudoFueling the obesity epidemic? Artificially sweetened beverage use and long-term weight gain[14] (Alimentando a epidemia da obesidade? Uso de bebidas adoçadas artificialmente e ganho de peso a longo prazo) feito por Sharon P. Fowler et al. durante oito anos conduzido pelo Departamento de Medicina (Divisão de Epidemiologia Clínica) do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas descobriu que quase 3,700 residentes de San Antonio, Texas que bebiam em média três ou mais bebidas com adoçantes artificiais por dia tinham maior probabilidade de ganhar peso em um período de oito anos do que aqueles que não bebiam bebidas com adoçantes artificiais. Apesar de essas descobertas serem sugestivas elas não provam que bebidas lights com adoçante artificial causam aumento de peso.

Mais uma explicação razoável poderia ser que o baixo pH  (cerca de 3) de bebidas lights fazem com que o corpo retenha fluidos para tentar rebalancear o pH normal do corpo humano de 6.5. Sendo assim, poderíamos nos abster durante alguns meses de todos os produtos que contém aspartame e como resultado poderemos nos sentir uma nova pessoa ou talvez nossos companheiros sintam que somos uma nova pessoa. Caso contrário, não perderemos nada a não ser, talvez, uns quilos.

A FDA como a autoridade final, nos EUA, para controlar a introdução aditivos na cadeia alimentar exerceu cuidado extremo, como deve ser feito, desde a metade dos anos 1960 até 1983, quando dinheiro e política falaram mais alto que bom senso, ciência e ética.


Referências:

Diet Drinks: America's Passion for Poison por Charles Foerster.

Biblioteca do NutraMancer City do Instituto Nacional de Ciências, Direito e Políticas Públicas (National Institute of Science, Law, and Public Policy) de Washington, D.C.

[1] FDA Statement on European Aspartame Study - CFSAN/Office of Food Additive Safety. 20 de Abril de 2007.

[2] SC-18862 - 52 WEEK ORAL TOXICITY STUDY IN THE INFANT MONKEY por K. S. RAO (Searle Laboratories), R. G. Mc Connell (Searle Laboratories) e H. A. Waisman (Centro Médico da Universidade de Wisconsin).

[3] Reportado pelo Instituto Nacional de Ciências, Direito e Políticas Públicas (National Institute of Science, Law, and Public Policy) de Washington, D.C.

 [4] Perfil do Dr. Soffritti Morando no Collegium Ramazzini.

[5] First Experimental Demonstration of the Multipotential Carcinogenic Effects of Aspartame Administered in the Feed to Sprague-Dawley Rats por Morando Soffritti, Fiorella Belpoggi, Davide Degli Esposti, Luca Lambertini, Eva Tibaldi e Anna Rigano. Centro de Pesquisa de Câncer Cesari Maltoni da Fundação Européia Ramazzini.

[6] Life-Span Exposure to Low Doses of Aspartame Beginning during Prenatal Life Increases Cancer Effects in Rats por Morando Soffritti, Fiorella Belpoggi, Eva Tibaldi, Davide Degli Esposti e Michelina Lauriola. Centro de Pesquisa de Câncer Cesari Maltoni da Fundação Européia Ramazzini.

[7] Direct and indirect cellular effects of aspartame on the brain por P. Humphries, E. Pretorius e H. Naudé. European Journal of Clinical Nutrition (2008) 62, págs 451-462.

[8] Projected Aspartame Intake: Daily Ingestion of Aspartic Acid,
Phenylalanine, and Methanol por Roberta Roak-Foltz e Gilbert A. Leveille.
General Foods Corporation, White Plains, New York.

[9] Formaldehyde Derived From Dietary Aspartame Tissue Components In Vivo por C. Trocho, R. Pardo, I. Rafecas, J. Virgili, X. Remesar, J.A. Fernández-López e M. Alemany. Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Faculdade de Biologia da Universidade de Barcelona.

[10] Metanal - Wikipédia

[11] Aztec Cannibalism and Maize Consumption: The Serotonin Deficiency Link por Michele Ernandes; Rita Cedrini; Marco Giammanco; Maurizio La Guardia; Andrea Milazzo. Publicado em Mankind Quarterly; volume 43, nº 1 (Fall 2002); Social Science Module.

[12] The Nutrition Source - Sugary Drinks or Diet Drinks: What's the Best Choice? – Harvard School of Public Health.

[13] A role for sweet taste: calorie predictive relations in energy regulation by rats por Susan E. Swithers e Terry L. Davidson. Centro de Pesquisa Ingestiva Comportamental do Departamento de Ciências Psicológicas da Universidade de Purdue (Department of Psychological Sciences, Ingestive Behavior Research Center, Purdue University)

[14] Fueling the obesity epidemic? Artificially sweetened beverage use and long-term weight gain. Sharon P. Fowler, Ken Williams, Roy G. Resendez, Kelly J. Hunt, Hele P. Hazuda e Michael P. Stern. Divisão de Epidemiologia Clínica do Departamento de Medicina do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas (Department of Medicine, Division of Clinical Epidemiology, The University of Texas Health Science Center at San Antonio), San Antonio, Texas.


Artigo de Francisco Roland Di Biase

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